Na fazenda de Malaquias, lá pras bandas de Cabrobó, dois burros foram escolhidos para irem até Icó, deixar uma carga de açúcar e outra carga de esponja, na casa de Dona Zuleide, prima-irmã de Dona Cleide e neta de Dona Anja.
Acontece simplesmente, que os dois burros nasceram, com uma pequena diferença que eles nem perceberam, pois um, era inteligente, que parecia até gente, e o outro, pobre coitado, além de burro, tapado, mas vivia até contente.
Quando foram destacados para o destino final, o inteligente pulou logo, querendo pro outro o mal, e disse logo assim, "Deixe a esponja pra mim e fique com a outra carga, pois como eu sou seu amigo, quero levar comigo esta carga mais amarga".
O pobre do burro, burro, nem sequer pestanejou, botou o açúcar no lombo e a travessia começou. Só se via a risarada do amigo inteligente, que levava a esponja, leve, e todo contente, sem sequer se lembrar do pobre, do amigo que sofria, eita burro ruim, Deus o livre, "Vije Maria"!
Lá pras banda do Olho Dágua, esses burros chegam num rio, que era bem fundo um tanto, que dava até arrepio, mas o pobre do burro, burro, insistia em perguntar, "O que é que vamos fazer para não nos afogar?" E o burro inteligente, por sua vez, teve uma ideia, pra passar a perna no outro e ficar só com a plateia, disse logo, "Meu amigo, não se avexe, que eu tenho um plano, nós vamos atravessar o rio, seguindo os passos do humano, vamos passar pro outro lado, da margem do rio Tipi,e sempre seguindo os passos de quem já esteve por aqui".
O outro, além de burro também era inocente, quem já se viu animal seguindo os passos de gente? Mas ainda questionou, perguntou e retrucou, "Acho que é melhor seguirmos o nosso próprio caminho, para não corrermos o risco de morrermos de mansinho, na correnteza do rio, que é meu maior desafio, desde pequenininho".
O outro disse "Relaxe, cadê sua confiança? Não sabes que a última a morrer é a tal da esperança? Vamos atravessar o rio, sem muito alarde fazer, se o ser humano consegue tanta besteira dizer, por que não conseguimos, tentar tamanho feito, saibas logo, meu amigo, que pra tudo tem um jeito!"
O inteligente disse "Vamos logo atravessar, passar para o outro lado e nossa fome matar, por isso passe na frente, você que é inteligente e meu amigo fiel, vamos, ande logo, deixe de cerimônia, porque depois daqui vai ter, nossa gostosa pamonha...”
O pobre do burro foi, tremendo que nem uma vara, mesmo assim ele tentou, com o medo na sua cara, quando no rio entrou e começou a nadar, o sortudo percebeu que começou a boiar, pois o açúcar que tinha, começou a afundar!
O espertalhão pensou: “Eita, que eu tô é feito”, deu um “tchibum” no rio, e entrou todo sem jeito. Quando foi para nadar, sentiu uma grande aflição, pois a esponja encheu, inchou o levou pro chão, ficando no fundo do rio, preso por sua presunção.
A moral dessa estória é simples de se dizer, ela serve para todos, para mim e pra você, pois que nunca mais julguemos nem nos subestimemos apenas pelo porquê, pois esta estória prova, sem grito e sem esturro, que o burro é inteligente e que o inteligente é burro!
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