A violência contra os índios da etnia guarani-kaiowá que lutam pela posse da terra em Mato Grosso do Sul ganhou atenção internacional e as redes sociais na internet veicularam abaixo-assinados exigindo uma intervenção justa do Estado nessa questão. Os indígenas preferem morrer a perder suas terras. Pensou-se que fosse uma intenção de suicídio coletivo, mas não é. Trata-se de indução ao suicídio, que pode ser entendida como crime doloso, com responsabilidade clara do Estado brasileiro, não apenas da unidade federativa Mato Grosso do Sul.
É para essa interpretação que se orienta a posição do procurador da República em Dourados (MS), Marco Antonio Delfino, para quem a União deve reconhecer sua responsabilidade no processo de colonização do Estado que resultou no quadro atual de conflito agrário na região. De acordo com informações da Agência Brasil, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado iniciou ontem os debates para estabelecer o diálogo com representantes da sociedade envolvente, lideranças indígenas e do poder público com o objetivo de tentar encontrar uma saída para o conflito.
Para que fazendeiros se instalassem no Estado, o governo federal concedeu-lhes títulos de posse de terras que eram tradicionalmente ocupadas por índios. O procurador Antonio Delfino sugere que a União repasse recursos, por um período de 10 anos, para ressarcir fazendeiros, com base no valor da terra nua, o que viabilizaria o assentamento definitivo dos indígenas da região. “Há uma tensão elevada e a única saída é que a União reconheça esse erro histórico. Infelizmente, a demarcação pura e simples só significa o acirramento da situação”, avalia Delfino.
A ocupação de terras indígenas por “brancos”, como se diz, “na marra”, tem a idade do Brasil. Como, atualmente, acontece fora do alcance do interesse das populações urbanas, não tem o impacto que merecia na opinião pública. Quando a tensão é próxima ou dentro das cidades, rapidamente são mobilizados recursos, como as ocupações das favelas por unidades de polícia pacificadora. O ranço da colonização continua vivo na sociedade brasileira.
Retirado de: http://www.emtempo.com.br/opiniao/editorial/18841-etnia-guarani-kaiowa-continua-luta-pela-terra.html
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